
Em Porto Alegre, que reúne a maior população do Rio Grande do Sul, o alerta contra o Aedes aegypti é grande. O número de casos notificados na cidade cresceu entre 2015 e 2016 quase de 270%. "A preocupação existe porque a circulação do mosquito é grande, tanto que já abrimos a sala de situação, onde monitoramos a incidência do Aedes e articulamos iniciativas de combate", afirma o diretor do CGVS, Anderson Lima. Outro dado que chama a atenção é que em 2015 foram realizados 84 bloqueios com a aplicação de inseticidas contra o mosquito. Já neste ano, foram 233 ações. Além disso, ocorreram 64.845 visitas domiciliares, numa eliminação de 105 mil focos.
• RS intensifica caçada ao Aedes
Porém, na avaliação dele, a grande estratégia de combate é a instalação das "armadilhas" em residências. Ao todo, foram distribuídas 935, cobrindo 27 bairros e outros quatro de maneira parcial. Na prática, nada mais são do que recipientes de plástico com a presença de uma lâmina que captura o mosquito. Periodicamente, equipes vão aos locais verificar a situação. Assim, eles são analisados para confirmar ou não a presença do vírus. "Esse diagnóstico permitiu que antecipássemos as ações de bloqueio, que antes eram feitas só com casos confirmados. Agora, atuamos antes de haver um paciente", explica. A armadilha integra o Sistema Inteligente de Monitoramento do Aedes. Inclusive é possível acompanhar a presença do mosquito na cidade em tempo real no site. No mapa, há a divisão por bairros e a sinalização por cor, indicando áreas mais críticas.
Vacinas serão alternativas
Em função da presença da dengue no Brasil, há anos estudos buscavam a concretização de uma vacina. Atualmente, há no mercado uma dose que abrange os quatro tipos de dengue. Nas clínicas particulares de Porto Alegre, o preço de cada dose é em torno de R$ 300,00, sendo que são necessárias três. Porém, há algumas particularidades. O índice de imunização é de 65%, sendo indicada apenas para pessoas com idade entre 9 e 45 anos.
Ainda sem previsão para ficar pronta, há outra vacina que está em estudo pelo Instituto Butantan, de São Paulo. Neste caso, a proposta é garantir uma imunização de 90%, também contra os quatro tipos de dengue, com uma dose apenas. Ela poderá ser aplicada no público com idade entre 2 e 59 anos. A vacina é composta pela presença do vírus vivo, mas de maneira atenuada, permitindo que o paciente possa desenvolver anticorpos.
No país, deverão ter mais de 17 mil voluntários, distribuídos por 13 cidades. Em Porto Alegre, uma parte do estudo clínico é desenvolvido no Hospital São Lucas, da PUCRS. Iniciado em 27 de julho deste ano, os testes contam com 150 voluntários e a meta é chegar a mil participantes. Segundo o chefe do setor de infectologia da PUCRS e um dos coordenadores da pesquisa, Fabiano Ramos, o estudo na capital gaúcha tem um destaque especial, já que a população tem um índice de exposição à doença bem menor do que em outras partes do país. "Há cidades, como Fortaleza, em que cerca de 80% da população já teve algum tipo de dengue", explica. Outro diferencial é que o centro de pesquisa realizará um subestudo de consistência da resposta imune entre os diferentes lotes da vacina.
Como o processo ainda está aberto, é possível ser voluntário. Para isso é preciso ter idade entre 18 e 59 anos e ser obrigatoriamente morador de Porto Alegre. Os participantes serão monitorados por um período de cinco anos pela equipe do estudo. Mais informações pelo telefone (51) 3320-3000, ramal 2031.
Comentários
Postar um comentário